Neste romance, há duas histórias paralelas que acabam por se cruzar. A de um jovem de 20 anos que sai de casa e abandona o curso de direito com o objectivo de escrever um livro e a de uma centenária acamada que vê a figura da irmã Lúcia no tecto do seu quarto.
À volta destas duas personagens giram muitas outras, descritas de forma satírica e que demonstram os vícios da sociedade portuguesa que se arrastam ao longo dos tempos. Ambas, as personagens, transportam “cadáveres às costas” dos quais se pretendem ver libertados.
Como o jovem escritor permanece numa constante indecisão quanto ao tema do seu pretenso romance histórico, vai então saltando de assunto a assunto e assim vamos conhecendo as personagens, as vivências e os ambientes das duas famílias, a sua e a da centenária acamada.
Miguel Real trabalhou de forma inteligente esta indecisão do jovem e transporta-nos para momentos e acontecimentos da nossa história, nem sempre muito agradáveis, do século XX aos nossos dias. Aliás, as duas personagens centrais denotam isso mesmo, o passado doente e o presente indeciso e titubeante, mas também esperançoso.
Recomendo vivamente e quase me atrevo a afirmar que é de leitura obrigatória.
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