20 janeiro, 2024

À 𝑬𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝑩𝒐𝒋𝒂𝒏𝒈𝒍𝒆𝒔, Olivier Bourdeaut

 

Autor: Olivier Bourdeaut
Título: À Espera de Bojangles
Tradutor: Rui Santana Brito
N.º de páginas: 193
Editora: Guerra e Paz
Edição: Abril 2016
Classificação: Romance
N.º de Registo: (2912)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐



Que livro louco, estonteante, maravilhoso. No seu primeiro romance, Olivier Bourdeaut convida-nos a dançar ao som de Mister Bojangles; convida-nos a celebrar a vida e a amar loucamente; convida-nos a sonhar o inimaginável, a ultrapassar “as sacanices da vida” e até a aceitar o inaceitável.
“Sobre a cómoda da sala, (…) havia um velho e belíssimo gira-discos onde tocava sempre o mesmo vinil de Nina Simone e a mesma canção: Mister Bojangles. (…) . Aquela música era mesmo diferente, era triste e alegre ao mesmo tempo e, ao ouvi-la, a minha mãe ficava no mesmo estado. ”(p.22) e ainda

Numa escrita inteligente, poética carregada de humor e de alfinetadas ao convencional, o autor funde fantasia e realidade, mergulha as suas personagens num ambiente onírico, irreal, extravagante e apaixonado. Ao leitor só lhe resta “dançar ao som da música” que é como quem diz, apreciar a escrita, envolver-se no enredo que subtilmente e com mestria se vai adensando.
É sob o olhar ingénuo e fascinado do filho do casal, eternamente apaixonados, e do registo diarístico do pai que nos inteiramos das peripécias, das “mentiras ao contrário”, das farras, dos delírios desta família original e exuberante que se evade da banalidade para edificar momentos de felicidade e de fantasia. “ O meu pai sabia muito bem inventar belas mentiras por amor.” (p. 165)

O leitor vai folheando as páginas e absorvendo naturalmente cada palavra, cada decisão, aceitando e partilhando com prazer aquele “amor louco” que valida aquela estranha forma de viver, até que o previsível mas (in)aceitável acontece.
Não vou desvendar a viagem alucinante da parte final. Contudo, posso afirmar que se trata de um belíssimo romance de amor. Um romance de amor pintado com a magia do autor e balanceado ao ritmo de Mister Bojangles.

“Depois, logo que o derradeiro raio de Sol desaparecia por trás do cume da montanha, começavam a ouvir-se as primeiras notas de Bojangles a vibrar na voz doce e quente de Nina Simone e nos acordes do piano. Era tão bonito que toda a gente se calava para ver a minha mãe chorar em silêncio.”(p. 62)




Sem comentários:

Enviar um comentário