Por coincidência, este fim-de-semana, o Expresso e o Público em Actual e Ípsilon, respectivamente, apresentam os dois livros escritos por Alberto Moravia e Pier Paolo Pasolini que narram a viagem que ambos (acompanhados por Elsa Morante) fizeram à Índia, em 1961. Segundo os dois jornais o livro de Moravia - Uma Ideia da Índia - parece ser mais objectico, mais técnico, enquanto o de Pasolini - O Cheiro da Índia - é mais lírico e mais "naif".
Quanto ao livro de Pasolini, que já li, reconheço que a sua descrição da Índia é realmente lírica, baseada nas suas deambulações pelos lugares visitados "sabia-me bem caminhar, só, mudo, aprendendo a conhecer passo a passo aquele novo mundo ...".
As imagens utilizadas, ao longo da escrita,revelam isso mesmo. Pasolini serve-se dos seus cinco sentidos para melhor entender a Índia e os indianos. Ele armazena toda a informação vivendo intensamente esse tempo, captando-a sobretudo através do olhar e do cheiro. E é com base nisso que ele relata a sua experiência e as suas impressões. "... cores perdidamente vivas, sem sombra de delicadeza, verdes que eram azuis, azuis que eram violeta; o ouro dos recipientes para a água, pequenos e preciosos como escrínios; as concentrações da turba vestida de faixas de pano adejantes; os sorrisos nos rostos negros sob os turbantes brancos – tudo isso reverberava nos meus olhos, imprimindo-se na córnea com uma violência tal que a traçava."
Ele próprio recomenda a leitura dos artigos escritos pelo seu amigo para um melhor entendimento dos aspectos mais técnicos (p.23).
Agora, resta-me ler o livro de Moravia (seguindo o conselho de Pasolini) par complementar as impressões recolhidas na leitura de O Cheiro da índia.
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