SINOPSE
Na Lisboa de finais dos anos noventa, um jovem escritor em crise vê o seu caminho cruzar-se com o de um grande escritor. Dessa relação, nasce uma história que mescla realidade e ficção, um jogo de espelhos que coloca em evidência alguns dos desafios maiores da literatura.
A ousadia de transformar José Saramago em personagem e de chamar Autobiografia a um romance é apenas o começo de uma surpreendente proposta narrativa que, a partir de certo ponto, não se imagina como poderá terminar. José Luís Peixoto explora novos temas e cenários e, ao mesmo tempo, aprofunda obsessões, numa obra marcante, uma referência futura.
OPINIÃO
Autobiografia. “Texto ficcional de cariz biográfico”. É assim que está definido na obra pelo José.
Na minha opinião, trata-se de uma abordagem da vida de José Saramago muito inteligente numa intersecção de realidade e de ficção.
Em Lisboa, nos finais da década de 90, os destinos de José, aspirante a escritor, e Saramago, escritor consagrado, cruzam-se. José escreveu o seu primeiro romance e vive em plena angústia pela falta de inspiração para um segundo romance. É durante este impasse que José é convidado a escrever a biografia de Saramago.
A estrutura da narrativa, o diálogo recorrente com o leitor, a inclusão de personagens e de acontecimentos de vários livros de Saramago torna a leitura do livro Autobiografia cativante. Há um entendimento claro da literatura enquanto jogo de espelhos, enquanto “espaços vazios a serem preenchidos por quem os interpreta”. Há (ou não) uma coincidência de nomes: José, o narrador; José Saramago o escritor biografado; Sr. José, personagem de Todos os Nomes, último livro publicado por Saramago (2 de Julho de 1997) e o próprio José Luís Peixoto. Há sobreposição de vidas, de espaços e de factos que confundem ainda mais o leitor na distinção entre a realidade e a ficção. Mas o que importa mesmo é deixar-se embrenhar pelo enredo fabuloso.
Recomendo vivamente.
Recomendo vivamente.
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