23 julho, 2018

O Farmacêutico de Auschwitz de Patrícia Posner




Mais um livro sobre Auschwitz, sobre o Holocausto, sobre o extermínio dos judeus, sobre a crueldade humana. É verdade. Porém , a frieza da narrativa de Patricia Posner ao revelar os factos ocorridos durante a ocupação e os testemunhos feitos nos julgamentos dos SS , torna este livro fascinante e muito perturbador. 
“… alguns dos SS empregados em Auschwitz e noutros campos de concentração eram sádicos patológicos que extraíam prazer da barbaridade” (p.87) 

Victor Capesius é o farmacêutico que deixa de ser empregado e representante da empresa Farben/Bayer para integrar, primeiro um hospital militar e mais tarde, administrar a farmácia do campo de concentração de Auschwitz. 
No desempenho deste cargo, Capesius teve um papel fundamental no extermínio dos judeus. Cínica e cruelmente, participou na rampa de selecção e enviou para a morte judeus que conhecia pessoalmente (amigos, vizinhos, clientes); geriu e armazenou o stock de medicamentos e do gás Zyklon-B que matou milhões de prisioneiros (esta gestão era primordial, pois o gás não podia faltar); seleccionou pessoalmente os bens dos judeus que eram enviados para a morte e cometeu outros actos macabros que não vou revelar. 

“Capesius mostrava-se indiferente ao tratar de questões como “neutralizar o cheiro” dos cadáveres em combustão. Tratava-se apenas de um desafio técnico. (…) [era] um homem para quem um prisioneiro não era mais do que um número, cujo único destino era a extinção.” (p. 64). 

“Quanta brutalidade emocional, que sadismo diabólico, que cinismo impiedoso será necessário para agir como este monstro agiu?” (p. 208) 

Mais tarde, durante os julgamentos realizados, numa primeira fase, pelos ingleses e americanos e depois pelos alemães, Capesius negou todos os seus actos . Manteve-se sempre em negação total, insensível e imperturbável perante os vários relatos da crueldade cometida sobre homens, mulheres e crianças inocentes. 

“ [Capesius] optou pelo caminho dos cobardes, preferindo viver e morrer em negação.” (p. 236)





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