Caminhas por um bosque azul entre a aridez e a frescura
Buscas o repouso móvel e um rio de pássaros
Quantas ilhas submersas no teu peito
Escreves o silêncio e o vento que te enlaça
Abraças-te a um corpo escuro um corpo de água
No vazio e no torvelinho modelas a Presença
Entre palavras de pedra e palavras de chuva
esculpes um deus ignorante e instantâneo
Não te perdes entre os elementos enlaçados
ou no labirinto de lábios que te envolve a cabeça
António Ramos Rosa
(Um grande bem haja ao Rui Correia que me cedeu este poema)
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O livro está aberto e há
demasiada luz.
Tudo o que escreves está contido nesse livro de letras brancas como a tua morte.
Será possível ler o sol e o silêncio desse livro branco eternamente branco e silencioso?
Como conter a ávida necessidade de devorá-lo como se o livro pudesse matar-nos a irredutível fome de uma linguagem legível e luminosa?
Estamos perante a impossibilidade de ler por um excesso de luz que é a um tempo a nossa morte e a improvável possibilidade de escrever o que não vemos, de ler o que não lemos.
Devoramos o livro e com os olhos cegos de brancura transformar a impossível leitura na escrita de uns signos imediatos que nos devolvem a linguagem da luz apagada pela luz.
António Ramos RosaTudo o que escreves está contido nesse livro de letras brancas como a tua morte.
Será possível ler o sol e o silêncio desse livro branco eternamente branco e silencioso?
Como conter a ávida necessidade de devorá-lo como se o livro pudesse matar-nos a irredutível fome de uma linguagem legível e luminosa?
Estamos perante a impossibilidade de ler por um excesso de luz que é a um tempo a nossa morte e a improvável possibilidade de escrever o que não vemos, de ler o que não lemos.
Devoramos o livro e com os olhos cegos de brancura transformar a impossível leitura na escrita de uns signos imediatos que nos devolvem a linguagem da luz apagada pela luz.
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