o esplendor dos lábios deixa a noite
devassar o sorriso do rapaz onde pernoito
aprisiono luas dentro da gaiola de água
fujo com o domador de astros
pelos segredos do mar
a tinta dos limos manchou-lhe a embriaguez
nas mãos pararam os gestos e o receio de tocar
um deus
no peito rebentou o novelo de luzes
quando os sexos se derramaram
mas a tristeza não é o que sobejou da adolescência
a tristeza é o envelhecimento precoce
das palavras que sabemos para a ocasião
e já não têm voz
quando o coração vai pelo gume das horas possíveis
ainda guardo a gaiola de luas desassossegadas
mas o domador de astros diluiu-se no instante
em que tudo se ofereceu e tudo se perdeu
Al Berto, O Medo
Sem comentários:
Enviar um comentário