17 agosto, 2025

𝑨 𝑴𝒂𝒕é𝒓𝒊𝒂 𝑫𝒂𝒔 𝑬𝒔𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂𝒔, de Isabel Rio Novo




Autora: Isabel Rio Novo
Título: A Matéria Das Estrelas
N.º de páginas: 191
Editora: D. Quixote
Edição: Maio 2025
Classificação: Romance
N.º de Registo: (3711)



OPINIÃO ⭐⭐⭐⭐


Já o referi, mais do que uma vez, e reitero que considero a Isabel Rio Novo uma das melhores escritoras portuguesas na nossa produção literária contemporânea.
Ao iniciar, A Matéria das Estrelas, já sabia que a fasquia estava elevada. O romance já recebera um prémio e as críticas eram muito positivas. Sabia de antemão que ia gostar, quando se gosta muito de um(a) autor(a) nunca se fica desiludido. Mas sabendo tudo isto, ainda fui surpreendida e fiquei muita agradada ao perceber que este romance dava uma enorme “piscadela de olho” a uma obra de Paulo M. Morais (obra magnífica e que recomendo muito). Não vou revelar muito desta interacção, para não retirar o prazer da descoberta, refiro, apenas que o protagonista, Jacinto, é também uma personagem do livro A Boneca Despida.
Esta cumplicidade entre os dois escritores, engrandece-os, na minha opinião. E se no livro, a dedicatória de Isabel Rio Novo “Ao Paulo, com quem caminho pelos terrenos da realidade e da ficção”, já fazia sentido pelo apoio mútuo com que se brindam, agora, faz ainda muito mais sentido.

Em A Matéria das Estrelas, Isabel Rio novo conduz o leitor até meados do século XX (anos 60 e 70) com incursões ao tempo das navegações, sobretudo de Bartolomeu Dias. A narrativa balança harmoniosamente entre a história de Jacinto, de Bartolomeu Dias e a do narrador investigador e omnisciente. A autora revela uma grande mestria ao cruzar os diversos tempos da narração: o histórico, o psicológico, o da memória, e o da ficção.

A narrativa oferece diversas camadas de leitura. São vários os temas abordados, mas podemos referir que se foca, essencialmente, no incidente misterioso que alterou o destino do jovem oficial da marinha, Jacinto da Silva Fernandes. É através da investigação conduzida pelo médico, com quem ainda mantém laços familiares, que tomaremos conhecimento, de forma não cronológica, da história de Jacinto, de alguns aspectos familiares que influíram na vida do jovem e de acontecimentos de um Portugal bafiento, injusto e hipócrita.

Isabel Rio Novo numa escrita simples e cuidada cria personagens fortes e perturbadoras e oferece-nos uma viagem maravilhosa sobre memórias, paixões e segredos da qual nunca saímos indiferentes porque, na história dos outros, encontramos, por vezes, a nossa, como referiu o doutor Eduardo a certa altura da investigação.

Recomendo muito.


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