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18 abril, 2019

Vamos comprar um poeta de Afonso Cruz


SINOPSE

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 9.º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula.

Numa sociedade imaginada, o materialismo controla todos os aspectos das vidas dos seus habitantes. Todas as pessoas têm números em vez de nomes, todos os alimentos são medidos com total exactidão e até os afectos são contabilizados ao grama. E, nesta sociedade, as famílias têm artistas em vez de animais de estimação. A protagonista desta história escolheu ter um poeta e um poeta não sai caro nem suja muito - como acontece com os pintores ou os escultores - mas pode transformar muita coisa. A vida desta menina nunca mais será igual…

Uma história sobre a importância da Poesia, da Criatividade e da Cultura nas nossas vidas, celebrando a beleza das ideias e das acções desinteressadas.

OPINIÃO

Em Vamos comprar um poeta, os assuntos do dia-a-dia versam sobre a conjuntura económica, a necessidade de apertar o cinto, o orçamento da empresa, lucro, contas e mais contas. Tudo (o nome das pessoas, os alimentos que se ingerem, os sentimentos…) é quantificado em números, em estatísticas, em gramas, em percentagem, em tamanho. 

Estava uma manhã muito bonita, o ar, como se costuma dizer, cheirava a dólares. O meu irmão levantou-se com alegria e espreguiçou-se duas vezes, esticando os braços de dívida colossal para os lados.” 

A narrativa é feita na primeira pessoa por uma jovem que vive inserida numa família focada nos números, até ao dia em que lhe apeteceu comprar um poeta, como se compra um animal de estimação. 

“Gostava de ter um poeta. Podemos comprar um?” (…) “Muito bem, disse o pai, compramos um poeta. De que tamanho?” 

Ora, a presença do poeta vai alterar a ordem normal da vida desta família. A protagonista, a pouco e pouco, deixa-se contaminar pelas metáforas do poeta (encaradas como mentiras pelos outros) e vai adquirindo o gosto pela poesia, pelo belo, pela cultura. “Estarei a ficar poética?” questiona-se. 

Sorriu, ou, como diria o poeta, a boca desenhou um sorriso depois de o lápis ter feito amor com o papel e desse beijo de grafite ter nascido…É melhor parar com isto, que loucura é esta?!” 

Com esta pequena e belíssima história, Afonso Cruz pretende chamar a atenção para a excessiva importância que se dá à economia, e ao consumismo na nossa sociedade em detrimento da cultura e da poesia. É um apelo urgente à cultura, à beleza, à poesia. “NUNCA SE ABANDONA A POESIA NEM NUM PARQUE, NEM NA VIDA” 

Recomendo vivamente.

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