11 setembro, 2019

A Sibila, de Agustina Bessa Luís





SINOPSE

O norte de Portugal, em finais do século xix, na propriedade da Vessada, há já muito tempo que são as mulheres que, perante a indolência e os sonhos de evasão que os homens alimentam, asseguram como podem a gestão da propriedade. Quina era uma adolescente franzina e inculta, que desde cedo participava nos trabalhos do campo ao lado dos trabalhadores. Com a morte do pai, com a propriedade quase em abandono, Quina passa a ter que ter uma ainda maior responsabilidade na administração da mesma. Graças ao seu esforço a todos os níveis, começa a acumular de novo a riqueza que seu pai desperdiçara, o que lhe vale a admiração da sociedade. Quina era uma pessoa lúcida, astuta e sempre em demandas, o que faz com que esta se torne conhecida por Sibila…

O romance A Sibila foi concluído no dia 16 de Janeiro de 1953 e logo depois apresentado ao Prémio de romance Delfim Guimarães, instituído pela Guimarães Editores, que lhe foi atribuído. Foi publicado pela primeira vez, logo depois, em 1954, há 55 anos. Esta edição fixa o texto definitivo da obra. É o livro mais famoso da autora, traduzido em várias línguas.


OPINIÃO

Li A Sibila em 82 ou 83 (comprei o livro em Fevereiro de 1982). Lembro-me que não gostei muito porque achei a escrita difícil e densa. Bem mais tarde, tentei reconciliar-me com a escrita da autora e li outros livros. Porém, nunca mais peguei neste até que li (este ano) O Poço e a Estrada – Biografia de Agustina Bessa-Luís, de Isabel Rio Novo. Nesta biografia, para além de várias referências à obra que trouxe reconhecimento à autora, há um capítulo dedicado a A Sibila. Decidi dar-lhe uma segunda oportunidade, pois conhecendo melhor Agustina, certamente estaria mais apta a compreender a sua obra. E assim foi. A idade altera a forma como entendemos um livro. Por vezes, podemos “matar” um escritor porque fomos obrigados a lê-lo ou porque ainda não temos maturidade para o entendermos. 

Quina, a sibila, é uma personagem fabulosa. “Estava perfeita no seu cargo de sibila, pois conhecia a alma humana de dentro para fora, o que é talvez prever sempre nela o imprevisível, sem, porém, chegar a compreendê-la.” (p. 135) 

A figura feminina é o ponto fulcral desta narrativa. São as mulheres da família Teixeira que suportam a decadência e o ressurgimento da casa da Vessada. Na obra, paralelamente à vida humilde, de luta e de trabalho levada por Quina, existe uma vida burguesa de luxo e de futilidade. Quina com a sua sabedoria manteve-se sempre fiel aos seus valores e desprezou os da burguesia embora se tenha servido dela para reerguer o seu património. 

“Essa fidelidade ao sangue era lei em toda a família, e Quina sempre a cumprira” (p. 224) 

Vale a pena (re)ler Agustina Bessa-Luís. Este ou outros livros.



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