30 junho, 2019

Coração, Cabeça e Estômago de Camilo Castelo Branco



SINOPSE

Coração, Cabeça e Estômago, sendo uma das principais novelas satírico-humorísticas de Camilo Castelo Branco, não se cinge a um retrato caricaturado de uma sensibilidade romântica. Dividida em três partes, esta novela segue o percurso de Silvestre, sendo que cada parte se refere ao órgão que predomina em diferentes fases da vida da personagem. Passando inicialmente pela paixão, em que o órgão predominante é o coração, para uma fase dominada pela razão, representada pela cabeça, até terminar numa fase mais bestial, em que a necessidade, a fome, nos indica o estômago como o órgão primordial da terceira parte desta novela.

OPINIÃO

Coração, Cabeça e Estômago é um interessante romance satírico sobre a sociedade portuguesa da época. Camilo Castelo Branco apresenta-nos uma sociedade hipócrita que valoriza as aparências e que procura o enriquecimento fácil. 

Silvestre da Silva, o protagonista é o narrador desta história dividida em três partes. 
Na primeira – Coração, Silvestre é um idealista que acredita no amor e nas mulheres por quem se apaixona de forma leviana. Porém, desiludido com as atitudes hipócritas das mulheres amadas, decide mudar de vida e opta pela razão, pela vida intelectual - Cabeça. Ataca ferozmente a sociedade e os poderosos através de artigos que publica nos jornais. É levado a tribunal e acusado de “caluniador convicto”. Renuncia às manifestações intelectuais e agarra-se às necessidades do estômago.

“ Nem já coração, nem cabeça. Principia agora o meu auspicioso reinado do estômago.” 

Camilo Castelo Branco foi um escritor importante no desenvolvimento do Romantismo no nosso país. Período marcado pelo amor e sofrimento extremos. Contudo, nesta obra ele próprio satiriza esses padrões. Ele ataca brilhantemente a sociedade, ninguém lhe escapa. Para tal, usa a voz sarcástica de Silvestre, no relato das suas memórias e a voz de um amigo editor (incumbido pelo protagonista de organizar os seus escritos). É este que abre e fecha a narrativa e vai colocando notas ao longo do texto e, assim, emitindo opiniões, de forma irónica, sobre Silvestre e o seus exageros.



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