29 dezembro, 2018

Livros lidos em 2018: Balanço dos vários Desafios de Leitura

Em 2018 comprometi-me com vários Desafios de Leitura: 


- Goodreads: ler 50 livros - 

- Efeito dos Livros (facebook):  ler, no mínimo, um livro de cada uma das  24 categorias. apresentadas.

- Manta de Histórias (facebook): ler, no mínimo, um livro de cada uma das  32 categorias apresentadas. 

- Biblioteca Escolar ESPAB: decorre ao longo do ano lectivo, apresento apenas um balanço intermédio

Neste blogue e em Goodreads foram publicadas breves opiniões/reviews das 51 leituras efectuadas ao longo do ano. 

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Goodreads:


Para aceder aos livros lidos clicar aqui


Efeito dos Livros:  



Manta de Histórias:



Biblioteca ESPAB: 



Chamavam-lhe Grace de Margaret Atwood




Chamavam-lhe Grace é um romance histórico baseado em factos verídicos, concretamente sobre o polémico caso de Grace Marks, uma famosa canadiana da década de 1840, condenada por duplo homicídio aos dezasseis anos de idade. 

Esta história retrata a vida de Grace, uma jovem irlandesa que emigra para o Canadá com a sua família e que muito jovem começa a servir em casas particulares. 
Só que nem tudo corre bem e o futuro idealizado acaba por se tornar em tragédia. 

Ao longo de quase quinhentas páginas, o leitor vai descobrindo a verdade contada por Grace. Entre desabafos e silêncios, ela vai relatar toda a sua vida a Simon Jordan, um psicólogo, que decidiu estudar o seu caso pois confia nele e acredita que ele a pretende ajudar. 

É através do relato de Grace e das notícias publicadas pela imprensa sensacionalista da época que o psicólogo vai tentar descortinar o que realmente se passou no dia fatídico. 

O livro torna-se assim interessante, na medida em que para além da história de um crime está patente sobretudo o retrato de uma sociedade que favorece os “bem-nascidos”. 

Com uma escrita apaixonante, e um enredo cativante apesar de intrigante, a autora mantém, ao longo do enredo, a dúvida em relação à inocência ou culpa da protagonista que foi condenada a prisão perpétua, dando, assim, muita liberdade à imaginação do leitor uma vez que muita coisa permanece em aberto.


19 dezembro, 2018

Poema de Natal



Quando um Homem Quiser

Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas' 


18 dezembro, 2018

O Pintor Debaixo do Lava-Loiças de Afonso Cruz



O autor parte de uma história de família, a dos seus avós, para criar a história de Jozef Sors, pintor eslovaco que nasceu no final do século XIX e que um dia veio para a Portugal. 

Mais uma vez nos deixamos embalar pela escrita metafórica e imagética de Afonso Cruz. Este pequeno livro contém inúmeras reflexões sobre o ser humano. Há sonhos e desilusões, lutas e conquistas, redescobertas e perdas, luz e sombras, muitas mensagens fortes que por vezes nos perturbam porque inesperadas.·

“Parece-me uma grande felicidade que, quando se olhe para o mundo, pareça sempre que é a primeira vez que o fazemos.” 

"A última página de um livro é a primeira do próximo".



12 dezembro, 2018

Verdade ao Amanhecer de Ernest Hemingway




Romance póstumo de Ernest Hemingway, publicado pelo filho após alguns cortes ao original, mas sem uma apurada revisão da escrita. Por essa razão, verificam-se algumas imperfeições que certamente o autor teria corrigido ou melhorado. Ficam, no entanto, as deslumbrantes descrições da natureza, da caça aos animais selvagens, dos conflitos entre as diferentes tribos/ etnias africanas, dos costumes e tradições e do relacionamento entre africanos e europeus. 

Numa mescla de realidade e ficção, Hemingway relata o período vivido com a sua mulher Mary no Quénia, durante o qual desempenhou as funções de guarda-florestal e desenvolveu uma relação de lealdade e de afecto com os colaboradores africanos. É também um tempo de liberdade, de enamoramento pela paisagem africana, de leitura, de reflexão e de escrita.







02 dezembro, 2018

Contos de Anne Frank





Durante a ocupação da Holanda pelos nazis, Anne Frank e a sua família foram obrigados a esconder-se num “anexo secreto”. Aí, Anne escreveu o seu famoso Diário e alguns textos que incluem esta obra. 

O livro está dividido em três partes e contém contos, fábulas, recordações, memórias e pequenos ensaios. Tratam-se sobretudo de histórias fictícias, mas também de factos reais (há textos que falam da guerra). Nos seus textos Anne Frank revela muita sensibilidade, rebeldia, inteligência e um amor absoluto pela natureza e pela vida. 

“O sol pôs-se e Krista está deitada na relva, com as mãos cruzadas debaixo da cabeça a olhar para o céu. Este é o seu quarto de hora mais querido e ninguém precisa de pensar que a pequena florista trabalhadora está descontente. Nunca está e nunca estará desde que a deixem ter, todos os dias, este pequeno descanso maravilhoso. 
No campo, no meio das flores, sob o céu cada vez mais escuro, Krista está satisfeita. O cansaço, o mercado e as pessoas, tudo isso desapareceu. A rapariguinha sonha e pensa apenas na delícia de ter, cada dia, a sós com Deus e a natureza.” (pp. 45 e 46) 

Agradeço ao aluno que me falou neste livro e que gentilmente mo emprestou. 

Recomendo muito este pequeno livro pleno de ternura e de bondade.


01 dezembro, 2018

Patagónia Express de Luís Sepúlveda



Mais um livro belíssimo de Luís Sepúlveda. Bem escrito, com sentido de humor, personagens pitorescas, histórias fabulosas e magníficas paisagens da Patagónia. Nestas crónicas de viagem, o autor descreve algumas das suas viagens e vivências. Porém, o que ele pretende, penso eu, é sobretudo manter viva a memória do passado do seu país (Chile) e simultaneamente a do seu avô que muito influenciou a sua vida com os seus ensinamentos.