24 junho, 2018

Fanny Owen de Agustina Bessa Luís



Neste romance, baseado numa história verídica do século dezanove, Agustina Bessa Luís descreve-nos sobretudo a relação entre três personagens , Camilo Castelo Branco, escritor de folhetins, José Augusto, morgado do Lodeiro e Fanny Owen , filha do coronel inglês Hugh Owen. Para além da evolução desta relação, que acaba em tragédia, a autora descreve de forma contundente a vida da sociedade burguesa do Porto e de algumas quintas do Douro. O amor, a paixão, a amizade, a traição, o adultério, a doença e a morte são os ingredientes fundamentais, utilizados de forma magistral, para uma descrição profunda dos ambientes e sobretudo do relacionamento das personagens. 

Este romance foi adaptado ao cinema, pelo realizador Manoel de Oliveira, no Filme Francisca, de 1981

13 junho, 2018

Bartleby, o Escrivão de Herman Melville



Excelente conto de Herman Melville. O narrador, advogado de sucesso de Wall Street, contrata um homem, Bartleby, para desempenhar as funções de copista. Nos primeiros dias tudo corre bem, mas a partir de um dado momento, sem razões aparentes, Bartleby responde ao seu chefe com um desconcertante “Preferia não o fazer”. Esta constante recusa a todas as solicitações do seu chefe vai interferir na vida das personagens envolvidas, sobretudo na do narrador que tudo faz para entender o comportamento do seu empregado. 

É um livro marcante que nos faz reflectir apesar da sua história simples, mas incompreensível se aplicada aos nossos dias. Quem se atreve, hoje, a responder ao seu superior com um simples “preferia não o fazer” ? 

Livro de leitura obrigatória.



Um poema de Al Berto

                                                                                 Foto retirada da web



hoje é dia de coisas simples

hoje é dia de coisas simples
(Ai de mim! Que desgraça!
O creme de terra não voltará a aparecer!)
coisas simples como ir contigo ao restaurante
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas e
demorarmo-nos dentro da banheira
na ladeia pouco há a fazer
falaremos do tempo com os olhos presos dentro das
chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia... jogos
e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café
sorriremos à pessoas e às coisas
caminharemos lado a lado os ombros tocando-se
(se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças
descalças
hoje


Al Berto

12 junho, 2018

Fahrenheit 451 de Ray Bradbury



Fahrenheit 451de Ray Bradbury é um clássico da ficção-científica e da distopia, na linha do 1984 de George Orwell e do Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. O título remete para a temperatura a que os livros ardem, na escala Fahrenheit. Estamos perante uma forte crítica à sociedade norte-americana da época (a primeira edição do livro é datada de 1953). Neste mundo, todos têm a ilusão de ser felizes porque são formatados com o mesmo tipo de programação que visualizam na televisão, estão proibidos de ler e de ter livros e pensar é considerado uma coisa inútil. Na história, Guy Montag desempenha o papel de bombeiro, porém a sua função não é a de apagar incêndios, mas sim de queimar livros e casas sempre que alguém denuncia a existência de livros numa casa. Mais tarde, Montag conhece uma pessoa que vai alterar o rumo da sua vida. 
Fahrenheit 451 é um livro interessante que levanta questões sobre a nossa sociedade, a dependência dos media e, hoje, sobretudo das redes sociais, sobre a nossa capacidade de pensar, de questionar e de criticar.

06 junho, 2018

O Livreiro de Mark Pryor



Comprei este livro atraída pela sinopse pois revela uma temática muito do meu agrado: livros, livros raros/antigos, bouquinistes, Paris e ainda o Holocausto. 

Felizmente, não fiquei desiludida. O autor desenvolve a trama (um rapto e várias mortes) de forma leve e atribui um certo sentido de humor à personagem principal, Hugo, e ao seu amigo Tom, o que facilita a leitura sobretudo nos momentos mais tensos. 

Lê-se bem e foge um pouco ao estereótipo dos romances policiais já que cedo se desconfia quem é o vilão da história.