30 outubro, 2010

duas citações de José Saramago

ilustração de Pedro Covo


"Uma austeridade de carácter não é defeito, pelo contrário."

"O poeta não será mais que memória fundida nas memórias, para que um adolescente possa dizer-nos que tem em si todos os sonhos do mundo, como se ter sonhos e declará-lo fosse primeira invenção sua. Há razões para pensar que a língua é, toda ela, obra de poesia."

Salon du Chocolat - Paris




De 28 de Outubro a 1 de Novembro, LE SALON DU CHOCOLAT instala-se em Paris - PORTE DE VERSAILLES , trata-se da 16ª edição francesa.

É o maior evento mundial dedicado ao chocolate.

23 outubro, 2010

um poema de Al Berto

L'absinthe de Picasso
6

hoje é o sexto dia
sexta morada do silêncio

anotar os nomes das flores e
suas significações emblemáticas
absíntio/amargura, tristeza
asfódelo/coração abandonado
cinerária/dor de coração
glicínea/ternura
junquilho/melancolia
silindra/ recordações

anotar os nomes das areias e das argilas mais profundas
os nomes dos insectos e dos minerais
as marcas discretas das coisas cortantes
e recopiar algumas palavras de Amers:

…Toi que j’ai vu dormir dans ma tièdeur de
femme, comme un nomade roulé dans son étroite
laine, qu’il te souvienne, ô mon amant, de toutes
chambres ouvertes sur la mer où nous avons aimé.

manter a imobilidade absoluta dos rochedos
recear as falésias onde a lua abriu um sulco
tactear teu rosto disperso pelos ventos
recolher a dor na penumbra do entardecer

anunciar a noite com a ponta dum punhal de veludo
espiar o frémito súbito das estrelas…reler tudo
mantendo o corpo em surdina

Al Berto, O Medo (2ª ed.), Lisboa, Assírio & Alvim. p.256.

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6

aujourd'hui c'est le sixième jour
sixième demeure du silence

noter les noms des fleurs et
leurs significations emblématiques
absinthe/amertume, tristesse
asphodèle/ coeur abandonné
cinéraire/ douleur au coeur
glycine/ tendresse
jonquille/ mélancolie
seringat/ souvenirs

noter les noms des arènes et des argiles plus profondes
les noms des insectes et des minéraux
les marques discrètes des objets coupants
et recopier quelques mots d' Amers:

…Toi que j’ai vu dormir dans ma tièdeur de
femme, comme un nomade roulé dans son étroite
laine, qu’il te souvienne, ô mon amant, de toutes
chambres ouvertes sur la mer où nous avons aimé

maintenir l'immobilité absolue des rochers
craindre les falaises où la lune a creusé un sillon
tâter longuement ton corps écartelé par les vents
recueillir la douleur dans la pénombre du soir

annoncer la nuit avec la pointe d'un poignard de velours
épier le frémissement subit des étoiles... tout relire
le corps maintenu en sourdine.

Al Berto, Salsugem, l'Escampette, 2003, p. 14




Regarde, il gèle
Là sous mes yeux
Des stalactites de rêves
Trop vieux

Toutes ces promesses
Qui s'évaporent
Vers d'autres ciels
Vers d'autres ports

Et mes rêves s'accrochent à tes phalanges
Je t'aime trop fort, ça te dérange
Et mes rêves se brisent sur tes phalanges
Je t'aime trop fort
Mon ange, mon ange

De mille saveurs
Une seule me touche
Lorsque tes lèvres
Effleurent ma bouche

De tous ces vents,
Un seul me porte
Lorsque ton ombre
Passe ma porte

Et mes rêves s'accrochent à tes phalanges
Je t'aime trop fort, ça te dérange
Et mes rêves se brisent sur tes phalanges
Je t'aime trop fort
Mon ange, mon ange

Prends mes soupirs
Donne moi des larmes
A trop mourir
On pose les armes

Respire encore
Mon doux mensonge
Que sur ton souffle
Le temps s'allonge

Et mes rêves s'accrochent à tes phalanges
Je t'aime trop fort, ça te dérange
Et mes rêves se brisent sur tes phalanges
Je t'aime trop fort
Mon ange, mon ange

Seuls sur nos cendres
En équilibre
Mes poumons pleurent
Mon cœur est libre

Ta voix s'efface
De mes pensées
J'apprivoiserai
Ma liberté

Et mes rêves s'accrochent à tes phalanges
Je t'aime trop fort, ça te dérange
Et mes rêves se brisent sur tes phalanges
Je t'aime trop fort
Mon ange, mon ange

15 outubro, 2010

Cem anos depois, Matisse regressa a Alhambra


"Odalisca con pantalón rojo", de Matisse

Matisse “regresa” a la Alhambra cien años después de su visita al Monumento nazarí. Matisse y la Alhambra (1910-2010) es el título de la exposición con la que el Patronato de la Alhambra y Generalife y la Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales, en colaboración con la Fundación “la Caixa”, conmemoran el centenario del viaje del pintor francés al Monumento nazarí y reconstruyen la fascinación que Henri Matisse (1869-1954) sintió por el mundo oriental tras su viaje a España, Andalucía y la Alhambra, que tuvo lugar los días 9, 10 y 11 de diciembre de 1910.

La muestra, comisariada por la directora delPatronato de la Alhambra y Generalife, María del Mar Villafranca, y por el catedrático de Filosofía de la Universidad de Murcia, Francisco Jarauta, se inaugura el próximo 15 de octubre en las salas de exposiciones temporales del Museo de Bellas Artes de Granada, en la planta superior del Palacio de Carlos V, dentro del Conjunto Monumental de la Alhambra, donde permanecerá abierta hasta el 28 de febrero de 2011.

Lugar: Palacio de Carlos V

Fecha: Del 15 de octubre de 2010 al 28 de febrero de 2011

Domingo a jueves: 9:00 a 18:00 h

Viernes y sábado: 9:00 a 20:00 h

Horarios especiales de acceso a personas con movilidad reducida: todos los días, de 11:30 a 12:30 y de 16:30 a 17:30 h

08 outubro, 2010

Mujeres de Agua


Mariza é uma das doze 'Mujeres de Mar'

www.dn.sapo.pt, 16 de Agosto de 2010

Projecto de Javier Limón em volta do Medirerrâneo sai em Setembro em Espanha.

Uma portuguesa, uma israelita, uma grega, uma turca, várias espanholas. Doze mulheres juntam-se para cantar os sons do Mediterrâneo, e entre elas está a fadista Mariza. O disco chama-se Mujeres de Mar e, segundo o El País, será editado em Setembro. A ideia começou a nascer na cabeça do compositor e produtor musical espanhol Javier Limón há cerca de três anos, quando se encontrou em Atenas com a cantora grega Eleftheria Arvanitaki. No bar onde estavam, uma família inteira cantava e dançava ao som dos ritmos tradicionais, e Limón ficou fascinado: "Quando encontro músicas que sobreviveram à pop e ao rock, penso sempre: Hostia!, existe outra vida. É como ir pela selva e encontrar um animal em extinção; uma música como o flamenco, que não foi contaminada pelo capitalismo ocidental", contou ao jornal espanhol.

Javier Limón, de 37 anos, já deixou a sua marca em discos como Lágrimas negras de Bebo Valdés e Diego el Cigala, ou Cositas buenas de Paco de Lucía. Foi também ele que produziu o último álbum de Mariza, Terra (2008), de quem se tornou, entretanto, grande amigo: "Falamos de muitos temas, de música, viagens, culinária..."

Para este projecto, o produtor pediu a Mariza, a Yasmín Levin (de Israel) e a Eleftheria Arvanitaki que escolhessem um tema que representasse a sua cultura. O resto do disco tem composições de Limón, feitas a partir da sua viagem pelos países mediterrânicos, gravadas com a sua guitarra e com músicos da Tunísia, da Turquia e do Líbano. Além destas três cantoras, as outras vozes do disco são a turca Aynur Doga e as espanholas Montse Cortés, Carmen Linares, Buika, Genara Cortés, La Shica, La Susi, Estrella Morente e Sandra Carrasco.
"Quando canto, faço-o com o coração. Por isso, sinto que a música que interpreto tem muito de Mediterrâneo, porque faço parte de uma cultura que funde o árabe com o flamenco e as melismas. A nossa música fala dos sentimentos da vida, e é preciso saber chorar para poder cantar a vida e a morte", disse Mariza ao El País. O jornal juntou nove das 12 cantoras numa produção fotográfica e escolheu uma da portuguesa de cabelos loiros para a capa da sua revista de domingo.

Na sua viagem, Limón descobriu que "as mulheres que melhor cantam no mundo não podem fazê-lo em público" e, por isso, decidiu dedicar este disco às mulheres do Irão, algo com que com todas as participantes concordaram. "Se me proibirem de cantar, morro", afirma La Susi ao El País. "Se sinto alegria ou se sofro por amor, tenho de cantar."

07 outubro, 2010

Prémio Nobel da Literatura 2010


Exposição, no Perú, com todo o seu trabalho: ’Mario Vargas LLosa, la libertad y la vida’.

Com Saramago na feira do Livro de 2002 em Madrid


A Academia Sueca decidiu premiar a obra de Vargas Llosa «pela sua cartografia das estruturas de poder e pelas suas imagens incisivas da resistência, revolta e derrota dos indivíduos».
Mario Vargas Llosa nasceu em 1936, em Arequipa, no Peru. Professor universitário, académico e político, é uma personalidade intelectual de grande vulto e um dos mais importantes escritores da América Latina e do mundo. Apresenta uma vasta obre e foi galardoado com muitos dos mais destacados prémios literários internacionais, entre eles o Prémio PEN/Nabokov, o Prémio Cervantes, o Prémio Príncipe das Astúrias e o Prémio Grinzane Cavour.

Para mais informações consultar o site do autor: http://www.mvargasllosa.com/

Obras  editadas em Portugal:


A guerra do fim do mundo (Bertrand, 1984)
História de Mayta (D. Quixote, 1987)
A cidade e os cães (Europa-América, 1977/ Dom Quixote, 2002)
Quem matou Palomino Molero? (Dom Quixote, 1988)
Elogio da madrasta (Dom Quixote, 1989)
O falador (Dom Quixote, 1989)
A tia Júlia e o escrevedor (Dom Quixote, 1988)
Pantaleão e as visitadoras (Europa-América, 1975/ Dom Quixote. 2001)
Conversa na catedral (Europa-América, 1972/ Dom Quixote, 1997)
Como peixe na água: memórias (Dom Quixote, 1994)
Lituma nos Andes (Dom Quixote, 1994)
A guerra do fim do mundo (Círculo de Leitores, 1995)
Cadernos de Dom Rigoberto (Dom Quixote, 1998)
Cartas a um jovem romancista (Dom Quixote, 2000/ Círculo de Leitores, 1999)
A festa do chibo (Dom Quixote, 2001/ Círculo de Leitores, 2001)
A guerra do fim do mundo
A casa verde (Dom Quixote, 2002)
O paraíso na outra esquina (Dom Quixote, 2003)
A tia Júlia e o escrevedor (Dom Quixote, 2003)
Travessuras da menina má (Dom Quixote/ Círculo de Leitores, 2006)
Israel Palestina: Paz ou Guerra Santa (Quasi, 2007)
Diário do Iraque (Quasi, 2007)






04 outubro, 2010

Citação

Fotografia de Patrícia Reis

" O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já."

in, Viagem a Portugal, José Saramago

Festa do Cinema Francês


FESTA DO CINEMA FRANCÊS
De 7 de Outubro a 9 de Novembro, em seis cidades do país (Lisboa, Almada, Porto, Guimarães, Faro e Coimbra), o cinema francês está em festa em Portugal.

A 11ª edição da Festa do Cinema Francês propõe uma programação excepcional de 125 sessões de cinema através do país, concertos, ateliers, debates e encontros com personalidades da sétima arte francesa.

citação

"Celui qui se juge trop important pour de petits travaux est souvent trop petit pour les travaux importants." - Jacques Tati

01 outubro, 2010

Res Publica - Espectáculo de Rua

Teatro do Mar apresenta Res-Pública
em co-produção com a Escola de Artes de Sines

Espectáculo de rua com mais de 250 Figurantes, Actores e Músicos
Centro Histórico de Sines | 4 de Outubro | 22h


Para assinalar os 100 anos da Instauração da República, o Teatro do Mar, em parceria com a Escola de Artes, produz um espectáculo de rua de grandes dimensões, com carácter multimédia, que funciona como um passeio alternativo pelo centro histórico da cidade. O público poderá percorrer aleatoriamente os diferentes espaços, de forma a construir a sua própria leitura dos acontecimentos. Todas as cenas funcionam em simultâneo e com repetição contínua das acções, de modo a permitir a distribuição do público pelas diversas estações do Res-Pública. No final, um cortejo festivo conduzirá todas as personagens e público para o castelo, onde terá lugar o desfecho do espectáculo.


No labirinto das ruas da cidade, perdem-se no esquecimento as memórias de acontecimentos que se foram sobrepondo ao longo da passagem dos dias.
Aqui, sobre a falésia, onde acaba a terra e o mar começa, um homem sozinho percebe não valer nada frente ao infinito do horizonte.
Só com a partilha de sonhos e vontades, os caminhos se foram rasgando na rocha, até esculpir esta encruzilhada de pedra e cal, onde nasceu e cresceu um povo que, de olhos postos no mar, sonhou para lá do limite das águas e chegou ao outro lado do mundo.
Muitos ali chegaram para partilhar a viagem…
Mas no caminho dos sonhos foram-se erguendo muralhas, construídas com estilhaços da pedra esculpida de magníficos templos antigos, para impor limites e dominar a vertiginosa vontade dos Homens.
Uma fortaleza de arrogância e de medo foi-se perpetuando ao longo de séculos. Até que no dia 5 de Outubro de 1910, a um sinal do telégrafo que tornara o mundo mais pequeno, chega a notícia de que na capital, o povo tinha saído à rua, feito uma revolução, e que a partir daí a Res (a coisa), que era a cidade e o mundo, seria finalmente pública, (do povo)!

Nuit Blanche - Paris 2010



Nuit Blanche 2010 de Martin Bethenod
Carregado por mairiedeparis. - Videos de noticias do mundo inteiro.

mais informações no site oficial: http://www.nuitblanche.paris.fr/