14 junho, 2008

Fernando Pessoa - 120 anos



Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935) nasce no dia 13 de Junho de 1988, em Lisboa.

Por razões familiares vai para a África do Sul, onde completa a instrução primária e secundária.

Em 1902, Pessoa inscreve-se numa Escola Comercial. Começa também a escrever poesia, em inglês, sob o nome de Alexander Search.



Em 1903, recebe o Queen Victoria Memorial Prize, como prémio pelo melhor ensaio num exame de admissão à Universidade do Cabo.

Em 1905, interrompe, os estudos universitários e regressa a Lisboa, matriculando-se no Curso Superior de Letras, que não viria a concluir.

Em 1907, começa a trabalhar como correspondente estrangeiro de casas comerciais.

Em 1912, publica três artigos sobre a nova poesia portuguesa na revista A Águia e conhece Mário de Sá-Carneiro, com quem inicia uma correspondência que viria a reflectir os grandes conceitos que marcariam o Modernismo português.
Na altura, nada conseguiu criar. Dias mais tarde, porém, é surpreendido por uma súbita inspiração, escreve mais de 30 poemas a fio e nasce Alberto Caeiro (O mestre).

Surgem depois Ricardo Reis e Álvaro de Campos, discípulos do primeiro. Nasciam assim os mais importantes heterónimos de Pessoa, figuras que, se materializaram em si, e que representam a sua “tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação”. Cada um tem uma biografia, uma vida e um estilo únicos, trazendo, para a literatura, a pluralidade e a fragmentação do eu que marcariam o Modernismo.

Nos anos seguintes, Fernando Pessoa colabora com as revistas Orpheu e Portugal Futurista. Publica ”Chuva Oblíqua”, de Pessoa ortónimo, "Ode Triunfal" e "Ultimatum", de Álvaro de Campos.

Em 1924, Fernando Pessoa dirige a revista Athena, onde edita, pela primeira vez, poemas de Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

Em 1929, surge o semi-heterónimo Bernardo Soares, uma "mutilação" da personalidade de Pessoa, como o próprio o define, e autor do Livro do Desassossego.

No dia 1 de Dezembro de 1934 é publicada a obra Mensagem, imbuída, a única, em português, que o autor veria editada em vida.

Em 1935, Pessoa dá entrada no hospital, vindo a falecer no dia 30 de Novembro.

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Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <>
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

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